[Resenha] - Dias de despedida - Jeff Zentner


Editora: Seguinte
Lançamento: 2017
Gênero: Juvenil
Páginas: 382
ISBN: 978-85-5534-063-5

Um acidente de trânsito durante uma troca de mensagens no celular causa a morte de três garotos. Os três amigos estavam no carro, indo buscar um quarto garoto, amigo deles. Esse quarto amigo, chamado Carver, 17 anos, foi quem enviou a mensagem no celular do garoto que dirigia o carro. O livro narra a história sob a ótica desse garoto, viajando pelo interior de sua mente e coração.

Durante o velório de seus três amigos, Carver sente o peso no olhar de algumas pessoas, responsabilizando-o pela morte dos garotos, o que lhe causou seu primeiro ataque de pânico.

Seus únicos amigos são seus pais, sua irmã, a avó de um dos garotos e a namorada de um deles. É nisso que ele se agarra, pois é o que lhe dá sustentação. 

Na volta às aulas, Carver é hostilizado pelos colegas e vê-se tendo seu segundo ataque de pânico. 

Na maioria das vezes, a gente não guarda as pessoas que ama no coração porque elas nos salvaram de um afogamento ou nos tiraram de uma casa em chamas. Quase sempre, nós a guardamos no coração porque, em um milhão de formas serenas e perfeitas, elas nos salvaram da solidão.

Como se não bastasse o julgamento que algumas pessoas faziam dele, a sua culpa interna crescia, fazendo-o sentir-se desmerecedor de estar vivo. E para piorar, Carver estava em risco de sofrer processo criminal pela morte dos garotos e seria preso caso fosse considerado culpado.

Percebendo seu estado emocional, sua irmã lhe diz que ele precisa ir a um terapeuta e ele concorda em ir, o que, de certa forma, o ajudou a situar-se dentro do contexto vivido. A partir de então ele começa a se sentir mais confiante em encarar a realidade dos fatos, predisposto a superar a perda e a culpa.



Aproxima-se dos familiares dos garotos e ressalta as boas lembranças da amizade entre os quatro, procurando levar alívio às suas dores. 
Em meio a tudo isso, Carver começa a se conhecer melhor, o que também o ajuda nessa jornada de superação.

Fazendo isso, sente-se mais forte e preparado para uma possível condenação criminal. 

Sento na minha cama, sem estar pronto para dormir, apesar da exaustão ao final deste dia que mais pareceu um ano inteiro. Há algo na tranquilidade dentro de mim que está silencioso demais. Como aves que não cantam numa noite de inverno e o ar gelado abafa todos os sons. Tem mais uma coisa que preciso resolver.

O autor narra com propriedade e seriedade a complexidade de situações que a perda trágica de entes queridos pode gerar.  Mesmo diante de um assunto tão doloroso o autor consegue abordá-lo de forma suave, leve, contendo momentos de reflexão e de descontração, quando as boas lembranças tomam lugar das dores. Livro bem escrito e com um estilo fácil de leitura, muito embora minuciosamente elaborado. É o tipo de livro que, ao final, é difícil não ficar pensando nos personagens e suas histórias de vida. Cativante. Recomendo.

Resenha por Inês Meirelles

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