Editora: Companhia das Letras
Lançamento: 2005
Gênero: Ficção policial / Literatura sueca
Tradução: Paulo Neves
Páginas: 522
"Os homens que não amavam as mulheres" nos conta a estória de Mikael Blomkvist, dono da revista Millenium, que se vê em uma situação complicada quando recebe um mandato de prisão por ter difamado publicamente Wennerstrom, um homem de negócios muito conhecido, acusando-o de inúmeras falcatruas sem ter provas sobre isto. Por conta deste acontecimento, a fama da revista de Mikael começou a cair. Nem ele nem sua sócia Erika sabem direito o que fazer e Mikael acaba decidindo que, uma vez que terá que passar três meses na prisão, vai se afastar da revista por um tempo.
Neste momento, ele recebe uma proposta de trabalho de Henrik Vanger, patriarca da poderosa família Vanger, cuja sobrinha Harriet desapareceu sem deixar rastros há anos e cujo único desejo antes de morrer é descobrir o que aconteceu com a jovem. As investigações foram há muito suspensas e ninguém possui pistas do paradeiro de Harriet, mas Henrik tem suas suspeitas de que ela foi assassinada por um membro da própria família – e chama Mikael para tentar descobrir a verdade, dando-lhe um prazo de um ano em troca de uma enorme quantia de dinheiro e informações que poderiam levar Wennerstrom à falência. Sem muitas opções, desejando vingança e precisando de dinheiro para reerguer a revista Millenium, Mikael acaba aceitando o trabalho.
Durante seu período de investigação sobre
Harriet, Mikael acaba ficando em uma casa de hóspedes da residência de Henrik.
Seu trabalho sobre o que aconteceu com a moça, contudo, é mantido em segredo.
Para todos os eventos, ele estaria escrevendo uma biografia da família Vanger a
pedido de Henrik. Porém, Mikael não consegue enganar a todos do clã e logo o
verdadeiro motivo de ele estar em Hedeby acaba vindo à tona, provocando a ira
de muitos membros da família.
Henrik estava convencido de que Harriet fora assassinada e de que um membro da família era o responsável - talvez em colaboração com outro. A força do seu raciocínio se baseava no fato de Harriet ter desaparecido durante as horas dramáticas isolamento da ilha, quando todos os olhos estavam voltados para o acidente. (Página 158)
Mikael pretende não se deixar intimidar pelas
ameaças que começa a receber e continua no caso, mas ao mesmo tempo se sente
incomodado por não conseguir avançar em suas pesquisas sobre o desaparecimento
de Harriet. Muitos dos Vanger não demonstram nenhuma vontade de colaborar e
sentem que sua privacidade está sendo invadida. Movido pela curiosidade sobre o
que Henrik poderia saber de tão escandaloso sobre Wennerstrom, Mikael se mantém
firme, ainda que esteja aos poucos perdendo a esperança de descobrir algo
suspeito. E é essa força de vontade que acaba levando Mikael a descobrir suas primeiras
pistas e acreditar que há muito mais por trás do desaparecimento de Harriet.
“Os homens que não
amavam as mulheres” é um livro completamente instigante em sua maioria. Sua
narrativa é complexa e por vezes cansativa, mas o desenrolar dos acontecimentos
e as descobertas a respeito do que podia ter acontecido com Harriet cativam o
leitor e o fazem querer seguir em frente na leitura. A maneira como o escritor
deu forma aos temas que englobam o livro chega a ser devastadora, pois ele fala
com tanta clareza sobre o modo como muitas mulheres são tratadas (ou melhor,
destratadas) na sociedade, que chega a nos deixar angustiados. Justamente pelo
tema que ele aborda, também não é uma obra recomendada para certas idades. É
possível ficar incomodado com a brutalidade descrita em partes deste livro e
por vezes, me senti obrigada a dar uma pausa na minha leitura, inconformada com
o rumo de certos acontecimentos.
Em paralelo à vida de Mikael, temos a narrativa
sobre Lisbeth Salander, uma personagem de vital importância. Lisbeth é uma moça
que não segue os padrões impostos pela sociedade e uma hacker com uma
habilidade espantosa para descobrir qualquer coisa sobre qualquer pessoa. E
também a melhor pessoa para ajudar Mikael em sua investigação. E é exatamente por este motivo que, quando
Mikael precisa de ajuda para conseguir seguir em frente com sua investigação,
Lisbeth é colocada ao seu lado. Ela logo mergulha de cabeça no caso de Harriet.
Ambos começam então a descobrir coisas sobre o clã Vanger que poderá colocar
suas vidas seriamente em risco.
Como já mencionei anteriormente, a leitura deste
livro não é uma leitura em que se consegue ler vários capítulos sem parar, não
é uma leitura fluida justamente por conter muitos detalhes importantes ao longo
das páginas. São muitos nomes e muitas datas, então às vezes é necessário
voltar algumas páginas para rever algum acontecimento que possa ter passado em
branco. Mas apesar de toda essa complexidade, o autor conseguiu dar forma ao
livro muito bem e não perdeu nenhuma vez o fio da meada. Ele também ofereceu
algumas informações importantes para aguçar a imaginação dos leitores, como a
árvore genealógica da família Vanger e mapas de onde se passa toda a estória.
Os personagens também não ficam de fora. São
todos muito bem construídos e cheios de emoções e sentimentos de forma que
parecem ser reais. Conseguimos amá-los ou odiá-los de acordo com suas reações,
e eles conseguem nos deixar em dúvida a respeito de tudo e de todos. É um livro
em que não se pode confiar em ninguém.
Todas as peças do quebra-cabeça de “Os homens
que não amavam as mulheres” se encaixaram perfeitamente e não ficaram pontos em
aberto no final do livro. Valeu muito a pena o esforço em levar a leitura até o
final, pois é um livro com uma trama muito envolvente, impactante e
inteligente, daquelas que merecem estar na lista dos “livros que você deveria
ler antes de morrer”.
Eu li a série inteira, sou muito fã da saga Millennium! Eu concordo plenamente sobre a abordagem sobre os temas como misogenia e outros, também concordo que as cenas relatadas ali e nos filmes são bem fortes, mas ele trabalhou tão magnificamente que é inquestionável toda a crítica social imposta no enredo. Seguindo essa mesma linha de raciocínio tem um outro livro, um pouco mais pesado que este, que você também acredito que irá gostar, é "A História de O". Eu escrevi uma resenha lá no blog, passa lá e dá uma olhadinha, quem sabe você não se interessa e acaba lendo ele também.
ResponderExcluirBeijos
http://refracaocultural.blogspot.com/2016/01/resenha-historia-de-o.html
Realmente, é um trabalho muito bem feito! Geralmente, quando leio esses romances mais voltados para o lado investigativo, eu sempre encontro alguma coisa que ficou sem explicação. Por isso que quando isso não acontece, eu passo a apreciar ainda mais a obra e o autor! Espero conseguir ler os próximos e vou assistir as duas adaptações.
ExcluirVou ler a sua resenha, sim. Obrigada pela visita!
Beijo
Oi Thalita!
ResponderExcluirA Lisbeth é, sem dúvidas, a melhor personagem!
Beijo
Não conhecia o livro,
ResponderExcluirmas fiquei super interessada!
Bjos
http://www.elianedelacerda.com
Oi Elyane!
ExcluirEu só conhecia de nome mesmo, mas não sabia do que se tratava.
Se tiver a oportunidade de conhecer esta obra, leia sim. Depois nos conte o que achou =)
Beijos
obrigada pela visita, volte sempre!