Editora: Novo Século
Lançamento: 2012
Gênero: Ficção Brasileira
Páginas: 276
ISBN: 978-85-7679-727-2
Ano de 2074. O Governo Mundial capta em seu sistema de alerta a movimentação de algo desconhecido nas proximidades de Marte. O objeto foge dos padrões de qualquer coisa conhecida pelo ser humano, o que acaba gerando várias teorias sobre o que um objeto de aproximadamente cem quilômetros de diâmetro a uma velocidade de mais de 20.000 k/s pode ser. A Terra logo entra em estado de alerta quando o objeto, nomeado de 2074-E - ou Clarke - muda sua rota e passa a se aproximar cada vez mais do Planeta Azul. Descobre-se então que a 2074-E é uma nave pedindo permissão para entrar no território terrestre. Sem saber exatamente o que fazer, o Governo Mundial permite que Clarke se aproxime. Apesar de não apresentar sinais de hostilidade, a população global preocupa-se por ter um objeto de tamanha proporção viajando pelo planeta, recolhendo diversos tipos de plantas e espécies de animais, sem nenhum contato com os humanos desde sua permissão para adentrar os limites da Terra ter sido concedida.
Muitas perguntas e teorias circulam pelo planeta a respeito do misterioso objeto voador. Alguns rezam para que vá embora logo, outros pedem desesperadamente para que o visitante alienígena entre em contato. Mas estará a população mundial realmente preparada para saber o que ele veio fazer na Terra?
Encontrei “Clarke” por acaso em uma feira de livros com preços
extremamente acessíveis aqui da minha cidade. Apesar de não ter conhecimento
sobre ele, sua breve sinopse foi mais do que suficiente para me convencer de
que eu poderia ter em mãos um grande tesouro nacional. O livro é narrado em
terceira pessoa e nos apresenta basicamente três situações diferentes: a que se
dá sob o ponto de vista do Governo Mundial perante a possível ameaça
extraterrestre, a que se passa na casa de Leonardo e Aline com sua filha
pequena Sofia e seu cachorrinho e, por último, a que se passa entre o casal
Thomas e Laís, cujo relacionamento não está caminhando bem. Todos esses
personagens, apesar de não possuírem ligação entre si em um primeiro momento, são
extremamente importantes para o desenvolvimento e construção dessa estória.
Somos apresentados a eles em capítulos alternados para que possamos compreender
melhor cada um, assim como identificar a forma como estavam lidando com o
desconhecido – o que é um dos pontos mais interessantes do livro, visto que
cada pessoa tem uma forma diferente de lidar com problemas.
A
leitura de “Clarke” é muito fluida e proveitosa, fisgando o leitor e o jogando
para dentro de suas páginas. A sensação de angústia e preocupação que permeia o
livro todo pode ser facilmente sentida – e esses sentimentos se intensificam
quando descobrimos mais à frente no livro o motivo da visita da 2074-E ao
planeta Terra. “Clarke” prende o leitor por sua constante enxurrada de
informações importantes, que são um choque tanto para a população mundial no
livro quanto para quem o lê e que leva o leitor à tão conhecida situação de
se prometer “ler só mais um capítulo” e avançar noite adentro, vidrado em
acontecimentos impactantes.
"Desponta no horizonte o irreversível caminho que levará ao total caos social, à anarquia e possivelmente à extinção da humanidade. O que devo fazer?"
Por
se tratar de uma obra que fala sobre o Universo e o que pode existir ou não
fora do nosso planeta é que eu aconselho que se tenha uma mente bem aberta
durante a leitura. A 2074-E chega à Terra com informações devastadoras sobre o
futuro da humanidade, o que gera o caos pelo mundo e a corrida desenfreada pela
sobrevivência. O número de humanos que poderão ter uma chance de viver é mínimo
se comparado aos bilhões de pessoas que habitam o planeta. Este talvez seja o
principal tema do livro, muito mais do que a existência de vida inteligente em
outras galáxias: o modo como o ser humano se comporta diante de uma ameaça
iminente. Perante tal situação, o Governo Mundial procura por soluções, a fim
de decidir que critérios levar em consideração na hora da escolha dos
sobreviventes.
“Clarke”
abrange muitos temas interessantes e reflexivos, como solidariedade, honestidade,
pureza e o egoísmo que hoje vemos tão enraizado na humanidade – assim como as
consequências de nossas escolhas, sejam elas boas ou ruins. Mais do que isso, “Clarke”
é um livro com uma lição de amor ao próximo muito grande infiltrada em suas
páginas, o que me fez ver muito mais além da ideia inicial dele. Mais uma prova
de que a literatura brasileira possui, sim, obras fantásticas que merecem ser
conhecidas.
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