
Para não dizer que a trama é tudo em Solaris, conforme se aproxima o final do livro e cresce o suspense, cresce junto a beleza literária e a escrita de Stanislaw Lam ganha novos contornos ao ir definindo a conclusão.
“Numa região indistinta, no coração da imensidade, longe do céu e da terra, sem chão sob meus pés, sem abóbada sobre minha cabeça, sem paredes, sem nada, sou prisioneiro de uma matéria estranha, meu corpo está untado por uma substância morta, informe. Ou, melhor, não tenho mais corpo, sou essa própria matéria estranha. Manchas nebulosas, de um rosa pálido, me envolvem, suspensas num meio mais opaco que o ar, pois os objetos só se tornam claros quando ficam muito perto de mim”.
Toda a questão moral, o dilema da consciência de Kris, recebem esse não pequeno prêmio, que é estar expressado de forma lírica e ainda científica. Agora dá para perceber porque um dia Tarkovski disse “admiro profundamente, a segunda metade do romance”. Com certeza é aí, e eu arriscaria dizer no último terço ou quarto do livro que o autor é plenamente feliz em seu projeto.
“Mas aí, quando [os objetos] se aproximam, são de uma nitidez extraordinária, impõem-se a mim com uma precisão sobrenatural.” E depois essa pérola: “O laboratório é o domínio de Sartorius. Ele está procurando um remédio contra a imortalidade.”
Um grande livro, que gerou um filme extraordinário - o russo, Solaris de Tarkovski.
Resenha por Ricardo de Almeida Rocha
(https://www.youtube.com/user/ricardrrj)
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