Me pergunto ultimamente porque os romances brasileiros são pouco lidos entre os leitores. Não estou falando dos clássicos Machado de Assim ou Paulo Coelho, mas sim dos autores modernos. Quem está conectado no facebook conhece grupos e páginas que tem muita gente que lê conversando o tempo todo sobre diversos assuntos. A pergunta que faço é por que preferimos ler Harry Potter ou Percy Jackson e não um romance nos mesmos moldes mas escrito por alguém daqui.
Perguntando e observando por aí cheguei a algumas conclusões importantes que podem nos fazer refletir sobre esses assuntos.
Em primeiro plano está as editoras, de um lado traduzir e publicar livros que são fenômenos de vendas nos países onde foram lançados e no outro receber uma boa estória e publicá-la. É claro que eles escolhem aquele que já foi sucesso em algum lugar e que provavelmente já estamos querendo ler desde que ouvimos falar pela primeira vez.
Esses livros que já são sucesso garantido são pagos pela editora brasileira para terem os direitos de poder publicá-lo. Já em contrapartida se um autor nacional quer publicar seu livro eles pagam cerca de 7 mil reais para míseras 500 copias. O que fazemos com 500 cópias? Nem levar nas lojas e implorar para que eles tentem vender conseguimos. E divulgação? O escritor que se vira, além de pagar para lançar, tem que pagar para divulgar, pagar para ter uma hora no estande dessa editora na Bienal e pasmem, pagar para ter um exemplar do próprio livro. Lógico que não são todas as editoras assim, mas a grande maioria quer mesmo é tirar os poucos centavos que os escritores novatos tem.
Mas pra mim a pior parte são os leitores. Não posso generalizar mas posso garantir que pelo menos 90% dos leitores tem preconceito com as publicações nacionais. Ao procurar um novo livro, ninguém se preocupa em procurar uma sinopse de algum escritor. Participo de um grupo no facebook onde temos mais de 50 mil leitores, lá recebemos diariamente divulgações de livros e sinopses interessantes, mas mesmo assim a venda desses livros não deslancha.
Ao perguntar para algumas pessoas o motivo disso, tive uma resposta quase unanime. Ninguém acredita realmente que um escritor brasileiro possa escrever boas estórias. E por medo de comprar um livro e ser ruim, então nem é dado a chance.
Semana passada uma escritora amiga minha colocou seu livro gratuito no site da amazon e divulgou em vários lugares no facebook. Mesmo com uma sinopse interessante e o livro estando gratuito ela não conseguiu que mais de 100 pessoas baixasse.
Temos outro exemplo recente, o livro Perdida da escritora paulistana Carina Rissi está sendo muito lido ultimamente. Blogs estam fazendo resenhas e ouvi boatos até que feito um filme. Está sendo, pelo que vejo, um dos maiores sucessos nacional em décadas (ao lado de Paula Pimenta e Talita Rebouças talvez), mas mesmo assim não chega aos pés dos livros traduzidos e lançados nesse ano.
Qual será o caminho então? Sorte? Porque talento muitos tem, mas apenas uma até agora está realmente chegando há algum lugar.
Acredito, e me incluo nisso, que os leitores precisam dar uma chance para a literatura nacional moderna. Ler livros, mesmo que gratuitos no inicio, comprar um ou outro e começar a acreditar mais no que nosso país tem de bom. Quem sabe assim, teremos alguns escritores podendo viver daquilo que gostam de fazer: Escrever!
E para ajudar os leitores que não sabem por onde começar, listo aqui os livros nacionais contemporâneos mais elogiados ultimamente.
Você precisa conhecer essas estórias:
1- Fazendo meu filme - Paula Pimenta
Tudo muda na vida de Fani quando surge a oportunidade de fazer um intercâmbio e morar um ano em outro país. As reveladoras conversas por telefone ou MSN e os constantes bilhetinhos durante a aula passam a ter outro assunto: a viagem que se aproxima.
“Fazendo meu filme” nos apresenta o fascinante universo de uma menina cheia de expectativas, que vive a dúvida entre continuar sua rotina, com seus amigos, familiares, estudos e seu inesperado novo amor, ou se aventurar em um outro país e mergulhar num mundo cheio de novas possibilidades.
2- Arma Escarlate -Renata Ventura
O ano é 1997. Em meio a um intenso tiroteio, durante uma das épocas mais sangrentas da favela Santa Marta, no Rio de Janeiro, um menino de 13 anos descobre que é bruxo. Jurado de morte pelos chefes do tráfico, Hugo foge com apenas um objetivo em mente: aprender magia o suficiente para voltar e enfrentar o bandido que está ameaçando sua família. Neste processo de aprendizado, no entanto, ele pode acabar por descobrir o quanto de bandido há dentro dele mesmo.
3- Perdida - Carina Rissi
Sofia vive em uma metrópole, está habituada com a modernidade e as facilidades que isto lhe proporciona. Ela é independente e tem pavor a menção da palavra casamento. Os únicos romances em sua vida são os que os livros lhe proporcionam. Mas tudo isso muda depois que ela se vê em uma complicada condição. Após comprar um novo aparelho celular, algo misterioso acontece e Sofia descobre que está perdida no século XIX, sem ter ideia de como ou se voltará. Ela é acolhida pela família Clarke, enquanto tenta desesperadamente encontrar um meio de voltar para casa. Com a ajuda de prestativo Ian, Sofia embarca numa procura as cegas e acaba encontrando algumas pistas que talvez possam leva-la de volta para casa. O que ela não sabia era que seu coração tinha outros planos...
4- Instituições para Jovens Prodígios A Seleção - L. L. Alves
Do subúrbio carioca para uma Instituição de jovens superdotados na Inglaterra, Lara Müller, uma adolescente com todas as frustrações e inseguranças típicas da idade aprenderá que para realizar seu sonho é preciso fazer sacrifícios. Deixando tudo de mais precioso para trás, nossa protagonista precisa encarar uma nova realidade, muitas vezes assustadora... Quando Lara se deixa levar pela curiosidade e é atraída pelos novos ares de Sheffield coisas ligeiramente estranhas começam a acontecer... Por que ela sente como se alguns alunos a conhecessem? Por que parece que já fizera inimigos em tão pouco tempo? E, principalmente, quais os reais interesses dos mantenedores dessa poderosa instituição? Com uma nova melhor amiga ao seu lado, Lara começa a acreditar que está ficando maluca... É normal um pombo se comunicar com uma garota?
5- Batalha do apocalipse Da Queda dos Anjos ao Crepúsculo do Mundo - Eduardo Spohr
Há muitos e muitos anos, há tantos anos quanto o número de estrelas no céu, o Paraíso Celeste foi palco de um terrível levante. Um grupo de anjos guerreiros, amantes da justiça e da liberdade, desafiou a tirania dos poderosos arcanjos, levantando armas contra seus opressores. Expulsos, os renegados foram forçados ao exílio, e condenados a vagar pelo mundo dos homens até o dia do Juízo Final.
Mas eis que chega o momento do Apocalipse, o tempo do ajuste de contas, o dia do despertar do Altíssimo. Único sobrevivente do expurgo, o líder dos renegados é convidado por Lúcifer, o Arcanjo Negro, a se juntar às suas legiões na batalha do Armagedon, o embate final entre o Céu e o Inferno, a guerra que decidirá não só o destino do mundo, mas o futuro do universo.
Das ruínas da Babilônia ao esplendor do Império Romano; das vastas planícies da China aos gelados castelos da Inglaterra medieval. A Batalha do Apocalipse não é apenas uma viagem pela história humana, mas é também uma jornada de conhecimento, um épico empolgante, cheio de lutas heróicas, magia, romance e suspense.
E a lista é muito maior, claro. É só pesquisar entre os blogs, no google, amazon e skoob. Gosta de algum livro nacional contemporâneo? Comenta com a gente. Quem sabe ele não acaba aparecendo aqui?
Verdade, as pessoas têm mania de subestimar o que é da terra, isso é fato na sociedade brasileira, mas existem autores brasileiros que dão de 10 a 0 em alguns estrangeiros!
ResponderExcluirE viva à literatura nacional!
Cadê o Raphael Draccon? Esse cara é simplesmente um gênio.
ResponderExcluirNa verdade não o conheço ainda! Mas vou procurar saber!! :)
ExcluirEu amo o Raphael Draccon. Meu ídolo. <3
ExcluirCarolina, perfeito tudo o que você colocou aqui. Eu por exemplo, que estou começando agora, não posso parar o meu trabalho atual (que me sustenta) para me dedicar apenas a escrita. Daí, não tenho tempo para focar no meu primeiro livro. Aliás, eu trato muito desse assunto no livro Mulheres Guerreiras "sobre você fazer o que te dá prazer", nossa, que sonho de todos nós escritores. Entretanto, não podemos desistir. O caminho é esse. Você está de parabéns pela iniciativa e acho que todos juntos (nós, escritores nacionais, juntamente com os leitores apoiadores) podemos mudar esse quadro. Vamos nos ajudar, nos divulgar, ter mais atitude, assim como você teve, enfim... Tenho certeza que podemos mudar esse quadro. Vamos nos fortalecer, juntos! Sucesso pra todos nós!
ResponderExcluirLegal seu post, Carol!
ResponderExcluirVejo preconceito demais com as obras nacionais, especialmente as de novos autores. Verdade que já foi pior.
Acho que a Amazon está conseguindo quebrar um pouco isso abrindo espaço para autores que não tiveram ou que jamais teriam chance nas editoras.
Tenho visto bons autores nacionais despontando e isso é animador.
Os blogs como o seu desempenham um papel de fundamental importância na valorização da nossa literatura.
Parabéns e sucesso! :)
[]'s
Oi Camila. Obrigada por perder um tempinho lendo esse post que é de especial importância pra mim! Tomei como missão ajudar alguns autores, de quem hoje me tornei amiga e com isso a gente acaba entrando no meio e conhecendo outros tão bons quanto. É muito legal.
ExcluirConcordo com você sobre a Amazon, está abrindo portas.
Obrigada pela visita e volte sempre! :)
Oi Carol,
ResponderExcluiracabei de descobrir o seu blog pesquisando sobre livros nacionais no google hehe
e olha, eu amei este seu post!
também sou blogueira e vejo que muitos ainda tem preconceito com autores nacionais não só pelo fato de achar que o livro não seja bom e acabar "jogando dinheiro fora" como também pelo fato de sempre os nacionais serem mais caros. tá, isso é influenciado por conta das editoras e tudo o mais, mas eu fico muito triste em ver isso.
lá no blog onde sou resenhista (www.livrosfilmesemusicas.com.br) fiz um desafio à mim mesma: ler (no minimo!) um livro nacional por mês. só este ano já li livros ótimos, que me fizeram fiquei mega feliz e ver como muitos leitores estão perdendo em adquirir apenas pelo fato de ter medo ou por achar caro demais.
acho que nós, blogueiros, temos que tentar ajudar os autores a acabar com este preconceito.
parabéns pelo post. adorei! :D
Oi Rayme, tudo bem?
ExcluirQue bom que você achou meu blog! ahahah
Se você clicar na TAG nacionais em Categorias você vai ver várias resenhas de nacionais, um melhor que o outro.
Espero que goste ainda mais dos livros, tem uns muito bons! :)
beijos
Oie Carol,
ResponderExcluirParabéns pelo blog, adorei a materia.
Gostaria de indicar um livro nacional chamado Apenas Respire da escritora Bárbara Herdy, fOi um dos livros mais bonitos que já li. Dá uma conferida, eu realmente recomendo.
Beijos ;*
Oi Anna, obrigada.
ExcluirEu vou dar uma olhadinha na sinopse do livro sim! Obrigada pela indicação, quem sabe a resenha dele não aparece aqui! hehehe
Fique de olho! :)
beijos
Ao meu ver, o grande problema para os escritos nacionais é a falta de divulgação, muitas vezes devido ao descaso e a exploração que as editoras jogam em cima dos nossos escritores.
ResponderExcluirO Eduardo Spohr, por exemplo, conseguiu contornar essa situação, uma vez que ele já era um nome conhecido na internet e contou com a ajuda do jovem nerd. Não atoa, seus livros não apenas foram um sucesso aqui, como também conseguiram ser traduzidos em várias línguas.
Por outro lado, temos os livros de youtuber. Sinceramente, a maioria não tem grandes qualidades, mas mesmo assim atraem legiões de fãs mesmo antes de serem lançados! Justamente porque esses autores já eram bem reconhecidos antes do lançamento do livro.
Meu ponto é que não é o brasileiro que não valoriza os escritores nacionais. Na verdade, muitas vezes nem sabemos que eles existem. Eu mesmo só escutei falar sobre A Arma Escarlate esse ano, quando por acaso encontrei um podcast perdido do potterish, mas achei a ideia maravilhosa. Infelizmente, não basta contar com as editoras para divulgarem nossos livros, precisamos ir além, e essa é a grande desvantagem que temos quando comparado com os livros que veem de fora.