Aviso: este post contém spoilers.

Quando um livro se torna sucesso nas livrarias, não demora muito para que os fãs recebam a notícia de que ele será adaptado para o cinema. Mas junto com a euforia, vem a preocupação. Afinal, nenhum de nós tem controle sobre o que está sendo filmado e só nos resta torcer para que o filme seja fiel ao livro que tanto amamos. E com Cinquenta Tons de Cinza não foi diferente.
O modo como o livro foi escrito foi
tão profundo e bem detalhado que eu fiquei em dúvida sobre como os produtores
transmitiriam todos aqueles pensamentos e sentimentos da Anastasia para um
filme. Além disso, tem o fato de que os produtores anunciaram o corte de muitas
cenas no filme para que o mesmo não ficasse pesado demais. Na época, não tinha
vontade de assistir, mas ouvi vários conhecidos meus que leram o livro
reclamando que talvez a adaptação ficasse muito superficial por conta
desta grande quantidade de cortes, uma vez que as cenas "mais quentes" estão presentes em quase 80% do livro.
Porém, Cinqüenta Tons de Cinza é
muito mais do que só a parte erótica da trilogia. Tem um romance muito bonito,
mas não é todo mundo que vê este lado da estória. Ele não é o plano principal,
mas está ali e é ele quem dá todo o encanto ao livro. Toda essa parte do erotismo é só
um mero detalhe, mas como (na época de seu lançamento) não eram vistos muitos
livros assim, foi o que mais surpreendeu e chamou a atenção (positiva ou
negativamente), causando até certo espanto e desconforto.
Quando
li o primeiro livro da trilogia, o filme já havia sido lançado. Portanto eu já
sabia quem eram os atores escolhidos, então neste ponto não houve muita
decepção da minha parte. Assistindo
ao filme, achei que Dakota Johnson e Jamie Dornan não conseguiram transmitir
toda a essência que o livro passa aos leitores, mas isto não significa que tenham feito um
mau trabalho. A atuação deles não foi ruim, algumas cenas foram até bem legais
de ver com os dois nos papéis dos protagonistas, mas em relação às emoções e
sentimentos, o filme deixou a desejar.
O que mais
me incomodou foram alguns cortes e modificações imperdoáveis de cenas que não
poderiam ter ficado de fora ou que deveriam ter sido mantidas completamente
originais, como por exemplo, a cena final da despedida entre Christian e Ana.
No livro, esta cena foi bem intensa e triste, quando eles se despedem com “adeus”
e Anastasia é levada para casa por Taylor, que no meio do caminho lhe entrega
um lenço para que ela enxugue as lágrimas de tristeza que não consegue conter.
No filme, a cena foi mais rápida e menos detalhada, sendo apenas os dois se
despedindo de uma forma um tanto formal no hall do elevador, e quando as portas
se fecham, o filme acaba. Não senti emoção nenhuma e por causa disso achei que
o filme terminou de forma sem graça.
Outra cena que achei imperdoável
ter sido cortada foi a parte em que Christian começa a perseguir Ana em seu
apartamento para “castigá-la” e ela, tentando se defender, diz a ele que o
que ela sente em relação aos castigos
aplicados por Christian é o mesmo que ele sente quando alguém tenta tocá-lo. Ele
interrompe a perseguição e fica sem reação. A comparação que Anastasia fez
deixou Christian, no mínimo, desconcertado e foi como se ele tivesse levado um
soco no rosto. Gostaria de ter visto essa parte, pois a considerei um ponto
importante para a evolução do relacionamento deles. Ana tentou entender os
motivos de Christian durante o livro todo, mas ele não falou muito de si mesmo.
E esse comentário dela fez com que Christian percebesse o que estava causando a
ela e o que ela sentia quando estava com ele em certos momentos. Certamente o fez relembrar de acontecimentos que queria esquecer. Fiquei muito
decepcionada pela falta desta cena na adaptação.
Lógico que várias outras partes foram cortadas ou encurtadas, como todo o processo de acordo entre os personagens com relação ao contrato com Christian ou a cena do jantar na casa dos pais dele, mas as duas citadas acima foram as que mais me fizeram falta no filme.
Lógico que várias outras partes foram cortadas ou encurtadas, como todo o processo de acordo entre os personagens com relação ao contrato com Christian ou a cena do jantar na casa dos pais dele, mas as duas citadas acima foram as que mais me fizeram falta no filme.
Juntando o fato das cenas cortadas com a rapidez com que tudo acontece, o filme fica um pouco cansativo por que muitas cenas ficam sem liga, dando a impressão de que os produtores tentaram colocar muitas cenas, mas para não ficar um filme muito longo, foram todas encurtadas.
O que eu acho que salvou o filme
foi a trilha sonora. Não vejo outra palavra se não perfeita para descrevê-la. O
pouco de emoção que o filme me transmitiu foi através das músicas que tocavam.
Cada uma delas foi feita exclusivamente para servir de trilha sonora ao filme,
e isso foi a chave, uma vez que elas me deram uma sensação de emoção tão
intensa que foi por causa de "Love me like you do" que eu resolvi ler o livro,
pois foi aí que eu realmente percebi o lado romântico que o livro deveria
apresentar.
O livro recebeu este nome para fazer uma certa ligação com o protagonista Christian Grey (uma vez que grey é uma das palavras em inglês para a cor cinza) e também referindo-se ao seu lado mais obscuro, causado por acontecimento aos quais não irei me referir aqui!
Todos nós sabemos as polêmicas que giram em torno
de Cinquenta Tons de Cinza. Mas em minha opinião, acho que todo o leitor que ama um
romance deveria lê-lo. Entendo que algumas pessoas possam ficar constrangidas
com a temática do livro, mas acho que Cinquenta Tons de Cinza é um livro para se ler com
a mente aberta e tentar absorver ao máximo o relacionamento romântico entre
Anastasia e Christian, trazendo este romance para o primeiro plano. Foi isso
que eu fiz quando li e não me arrependi.
tiaozum@gmail,com
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