Confira os primeiros capítulos traduzidos de "A Coroa"!

Olá, selecionados/as!


Que baita novidade, hein? Foram disponibilizados os dois primeiros capítulos do livro "A Coroa" que lança agora dia 03 de maio! Esta tradução foi feita pela Camila Lima, da equipe The Selection Quotes, não é a tradução original! Mas vale muito a pena, não deixem de conferir!

CAPÍTULO 01

— Sinto muito — disse, preparando-me para a inevitável revolta. Quando minha Seleção começara, eu a visualizara terminando dessa forma, com vários dos meus candidatos indo embora de uma só vez, muitos deles não preparados para que seu momento sob os holofotes chegasse ao fim. Mas após as últimas semanas, após descobrir como muitos deles eram gentis, inteligentes e generosos, considerava a eliminação coletiva quase de partir o coração.
Eles tinham sido muito justos comigo, e agora eu teria de ser muito injusta com eles. O pronunciamento ao vivo tornaria a eliminação oficial. E todos eles teriam de esperar até lá.
— Sei que é repentino, mas dada a condição precária da minha mãe, meu pai me pediu para assumir mais responsabilidades, e sinto que o único modo de lidar com isso é reduzindo a competição.
— Como está a rainha? — perguntou Hale, engolindo em seco.
Suspirei.
— Ela parece estar... estar muito mal.
Meu pai hesitara em me deixar visitá-la, mas eu finalmente tinha o vencido. Compreendi sua relutância no instante em que a vira, dormindo, a frequência cardíaca marcada pelo monitor.  Ela tinha acabado de sair de uma cirurgia, na qual os médicos tiveram que colher uma veia de sua perna para substituir a de seu peito que trabalhara até a morte. Um dos médicos disse que eles a perderam por um minuto, mas conseguiram trazê-la de volta. Eu me sentara ao seu lado, segurando sua mão. Podia parecer bobo, mas eu me sentara na cadeira com a postura encurvada certa de que ela acordaria e a corrigiria. Isso não aconteceu.
 — Ela está viva, no entanto. E meu pai... ele está...
Raoul colocou uma mão reconfortante um meu ombro.
— Está tudo bem, Alteza. Nós entendemos.
Deixei meus olhos voarem pelo espaço, meu olhar pousando rapidamente em cada um dos Selecionados enquanto memorizava seus rostos.
— Só para registrar, eu estava morrendo de medo de vocês — confessei. Houve algumas risadas pelo Salão. — Muito obrigada por pegarem essa chance e por serem tão amáveis comigo.
Um guarda entrou, limpando a garganta para anunciar sua presença.
— Sinto muito, senhorita. Está quase na hora da transmissão. A equipe gostaria de checar, hm... — fez um gesto hesitante com as mãos — cabelo e essas coisas.
Assenti.
— Obrigada. Estarei pronta em um momento.
Após sua saída, voltei minha atenção para os rapazes. — Espero que me perdoem por esse adeus coletivo. Desejo a todos vocês a melhor das sortes no futuro.
Houve um coro de despedidas murmuradas à medida em que eu saí. Uma vez que estava do lado de fora das portas do Salão dos Homens, respirei fundo e me preparei para o que estava por vir. Você é Eadlyn Schreave e ninguém... literalmente, ninguém... é tão poderoso quanto você.
O palácio estava assustadoramente quieto sem minha mamãe e suas damas andando por aí e a risada de Ahren preenchendo os corredores. Não há o que evidencie tanto a presença de uma pessoa do que a ausência dela.
Mantive-me erguida enquanto me dirigia até o estúdio.
— Alteza — vários me cumprimentaram quando passei pela porta, fazendo reverências e saindo do meu caminho, a todo o tempo evitando me olhar diretamente nos olhos. Não poderia dizer se era por falta de simpatia ou se eles já estavam sabendo.
— Ah — disse ao me olhar no espelho. — Minha pele está um pouco brilhante. Você poderia...?
— Claro, Alteza. — Uma garota retocou habilmente minha pele, cobrindo-me em pó.
Alisei a gola alta do meu vestido. Quando me levantara esta manhã, preto parecia apropriado, considerando o estado de espírito por todo o palácio. Mas não acertara em minha previsão.
— Pareço séria demais — preocupei-me em voz alta. — Não um sério respeitável, mas um sério preocupado. Está tudo errado.
— Você está linda, senhorita. — A garota da maquiagem passou um respingo de cor em meus lábios. — Como a sua mãe.
— Não, não sou como ela — lamentei. — Nem um pouquinho de seu cabelo, pele ou olhos.
— Não é disso que eu falo. — A garota, calorosa e redonda, com tufos de cachos caindo sobre sua testa, ficou ao meu lado e olhou para meu reflexo. — Olhe lá — ela disse, apontando para meus olhos. — Não são da mesma cor, mas possuem a mesma determinação. E seus lábios, eles têm o mesmo sorriso esperançoso. Sei que você tem a coloração da sua avó, mas você é a filha da sua mãe em cada detalhe.
Encarei meu reflexo. Podia quase ver o que ela queria dizer. Nesse momento isolado, só conseguia me sentir uma bagunça.
— Obrigada. Isso significa muito para mim.
— Estamos todos orando por ela, senhorita. Ela é durona.
Ri, apesar do meu humor. — Isso, ela é.
 — Dois minutos! — o diretor de palco chamou. Caminhei até o cenário acarpetado, ajeitando meu vestido e cabelo. O estúdio estava mais frio do que o normal, mesmo sob as luzes, e arrepios pinicavam minha pele enquanto tomava meu lugar atrás do palco isolado.
Gavril, levemente informal em suas vestes, mas ainda muito elegante, me deu um sorriso simpático enquanto se aproximava. — Tem certeza de que quer fazer isso? Ficaria feliz em entregar as notícias por você.
— Obrigada, mas acho que tenho que fazer isso sozinha.
— Tudo bem, então. Como ela está?
— Bem, até uma hora atrás. Os médicos estão deixando-a dormir para que possa se curar, mas ela parece tão maltratada. — Fecho meus olhos por um momento, acalmando-me. — Me desculpe. Isso tem me deixado um pouco sensitiva demais. Mas pelo menos estou aguentando melhor que meu pai.
Ele balançou a cabeça.
— Não consigo imaginar alguém reagindo pior do que ele. Seu mundo inteiro girou em torno dela desde que se conheceram.
Lembrei-me da noite passada, do mural de fotos no quarto em que dividiam, e analisei todos os detalhes que eles só divulgaram há pouco tempo sobre como ficaram juntos. Ainda não conseguia enxergar qualquer motivo para lutar contra inúmeros obstáculos por amor apenas para que ele no fim das contas o deixasse tão impotente.
— Você esteve lá, Gavril. Você viu a Seleção deles. — Engoli em seco, ainda insegura. — Ela realmente funciona? Como?
Ele deu de ombros.
 — A sua é a terceira que acompanho, e não posso te dizer como ela funciona, como um sorteio pode trazer sua alma gêmea. Mas deixe-me dizer uma coisa: seu avô não foi exatamente um homem que eu admirava, mas ele tratava sua rainha como se ela fosse a pessoa mais importante a andar neste planeta. Onde ele era severo com outros, era generoso com ela. Ela teve o melhor dele, o que não posso dizer sobre... Bem, ele encontrou a mulher certa.
Olhei furtivamente, curiosa sobre o que ele estava omitindo. Sabia que meu avô tinha sido um administrador bem rígido, mas, parando para pensar, essa era o único aspecto dele que eu conhecia.  Meu pai não falava muito sobre ele como marido ou pai, e eu sempre fora muito mais interessada em ouvir sobre minha avó.
— E o seu pai? Não creio que ele tivesse ideia do que estava procurando. Honestamente, não acho que sua mãe também tinha. Mas ela era a pessoa perfeita para ele em todos os aspectos. Todos ao redor deles poderiam ver muito antes de eles perceberem.
 — Sério? — perguntei. — Eles não sabiam?
Ele fez uma careta.
— Sinceramente, era sua mãe quem mais não percebia. —Me lançou um olhar acusador. — Um traço de família, parece.
— Gavril, você é uma das pessoas para quem posso confessar isso. Não é como se eu não soubesse o que procuro. É que não estava pronta para procurar.
— Ah. Imaginei.
— Mas agora estou aqui.
— E sozinha, receio. Se escolher passar por isso... e, após ontem, ninguém a culparia caso escolhesse... só você pode fazer uma escolha tão importante.
Assenti.
— Eu sei. É por isso que é tão assustador.
— Dez segundos — o diretor de palco chamou.
Gavril bateu levemente em meu ombro.
— Estou aqui de todos os modos possíveis, Alteza.
— Obrigada.
Endireitei meus ombros na frente da câmera, tentando parecer calma quando a luz começou a piscar em vermelho.
— Bom dia, povo de Illéa. Eu, princesa Eadlyn Schreave, estou aqui para transmitir alguns eventos recentes que aconteceram na Família Real. Devo entregar as boas notícias, primeiro. i
“Meu amado irmão, príncipe Ahren Schreave, se casou com a princesa Camille de Sauveterre, da França. Apesar de o momento desse casamento ser um pouco inesperado, isso de modo algum diminui nossa alegria pelo feliz casal. Espero que se unam a mim ao desejar a ambos o mais feliz dos casamentos. — Fiz uma pausa. Você consegue, Eadlyn. — Tratando-se das notícias mais tristes, minha mãe, America Schreave, rainha de Illéa, sofreu um grave ataque cardíaco. — Fiz outra pausa.  Parecia que as palavras tinham criado uma barragem em minha garganta, tornando cada vez mais difícil falar. — Seu estado é crítico e ela está sob constante supervisão médica. Por favor, or…”
Levei minhas mãos à boca. Eu ia chorar. Perderia o controle em rede nacional e, para somar a tudo o que Ahren havia me dito sobre como as pessoas se sentiam em relação a mim, parecer fraca em público era a última coisa que eu queria.
Olhei para baixo. Minha mãe precisava de mim. Meu pai precisava de mim. Talvez, em escala menor, até o país precisasse de mim. Não poderia decepcioná-los. Afastando as lágrimas, continuei.
— Por favor, orem para que ela se recupere logo, dado que todos nós a adoramos e ainda dependemos de sua orientação.
Respirei fundo. Era o único jeito de passar de um momento para o próximo. Inspire, expire.
— Minha mãe possui grande respeito por sua Seleção, a qual, como todos sabem, levou ao casamento longo e feliz dos meus pais. Sendo assim, decidi honrar o que seria seu desejo mais profundo e continuar com minha Seleção. Devido ao estresse instaurado em nossa casa nas últimas vinte e quatro horas, acredito que o mais sábio seja reduzir meus Selecionados para a Elite. Meu pai reduziu seu grupo para seis ao invés de dez por causa de ciscunstâncias extenuantes, e eu fiz o mesmo. Os próximos seis cavalheiros estão convidados a permanecerem na Seleção. Sr. Gunner Croft, sr. Kile Woodwork, sr. Ean Cable, sr. Hale Garner, sr. Fox Wesley e sr. Henri Jaakoppi.
Esses nomes foram algo estranhamente reconfortante, como se eu soubesse como eles se orgulhariam deste momento e pudesse sentir seu brilho, mesmo que à distância.
Estava quase acabado. Eles sabiam que Ahren tinha ido embora, que minha mãe poderia morrer e que minha Seleção continuaria. Agora vinham a notícia que estava apavorada de entregar. Graças ao Ahren, sabia exatamente o que meu povo pensava de mim. Que tipo de resposta receberia?
— Com minha mãe em estado tão delicado, meu pai, o rei Maxon Schreave, decidiu permanecer ao seu lado. — Lá vai. — Sendo assim, ele me nomeou regente até que se sinta apto a reivindicar seu cargo. Eu tomarei todas as decisões do país até aviso prévio. É com pesar no coração que assumo esse papel, mas me dá grande contentamento trazer qualquer paz para meus pais.
“Vocês receberão mais atualizações sobre todas essas questões assim que elas se tornarem disponíveis. Obrigada pelo seu tempo, e tenham um bom dia.”
As câmeras pararam de rolar e me afastei do palco, sentando-me em um dos assentos que normalmente eram reservados para minha família. Sentia-me nauseada e teria que permanecer sentada por horas para recuperar a compostura se pensava que poderia lidar com tudo, mas havia muito a ser feito. A primeira coisa da lista era checar meus pais mais uma vez, e então partir para o trabalho. Em algum momento eu também teria que me encontrar com a Elite, também.
Quando estava prestes a sair do estúdio, parei abruptamente porque meu caminho estava bloqueado por uma fileira de cavalheiros. O primeiro rosto que vi foi o de Hale. Sua expressão se iluminou ao me estender uma flor.
— Para a senhorita.
Olhei para a fileira e vi que todos eles tinham flores nas mãos, algumas com as raízes pendendo visivelmente. Tudo o que pude presumir foi que eles tinham ouvido seus nomes no pronunciamento, saíram correndo do Salão dos Homens para o jardim, e vieram até aqui em baixo.
— Seus idiotas — suspirei. — Obrigada.
Peguei a flor de Hale e o abracei.
— Sei que disse que era uma coisa a cada dia — ele sussurrou —, mas me avise se precisar que sejam duas, tudo bem?
Abracei-o um pouco mais forte.
— Obrigada.
Ean foi o próximo, e apesar de apenas termos nos tocado durante as fotos encenadas para nosso encontro, não pude me impedir de abraçá-lo.
— Tenho a sensação de que você foi coagido a isso — murmurei.
— Peguei a minha em um vaso no corredor. Não conte para a equipe do palácio.
Bati levemente em suas costas e ele fez o mesmo comigo.
— Ela vai ficar bem — prometeu. — Todos vocês vão.
Kile tinha furado o dedo em um espinho e afastou desajeitadamente de mim a mão que sangrava quando o abracei, o que me fez rir e foi perfeito.
— Para sorrisos — Henri disse quando adicionei sua flor ao meu boquê desorganizado.
— Bom, bom — respondi, e ele riu de mim.
Até Erik tinha pego uma flor para mim. Sorri de leve ao pegá-la.
— É um dente-de-leão — disse a ele.
Ele deu de ombros.
— Eu sei. Alguns veem uma erva-daninha; outros, uma flor. Perspectiva.
Envolvi meus braços ao redor dele, e pude senti-lo olhando para os outros enquanto eu o segurava, parecendo desconfortável por receber o mesmo tratamento que eles.
Gunner engoliu em seco, incapaz de dizer muito, mas me abraçou gentilmente antes de eu seguir para o próximo.
Fox tinha três flores na mão.
— Não consegui escolher.
Sorri.
— São todas lindas. Obrigada.
O abraço de Fox foi apertado, como se precisasse do apoio mais do que os outros. O abracei enquanto olhava de volta para minha Elite.
Não, todo esse processo não fazia sentido, mas eu conseguia ver como ele acontecia, como seu coração poderia rapidamente acabar envolvido ao colocar algum esforço.  E era isso o que agora eu esperava: que, de alguma forma, trabalho e amor pudessem se unir e que no fim de tudo isso, eu pudesse estar feliz comigo mesma.

CAPÍTULO 02

A mão da minha mãe parecia tão macia, quase fina como papel, de certo modo. A sensação me fez pensar em como a água suavizava as extremidades de uma rocha. Sorri, pensando em como que ela uma vez já devia ter sido uma rocha dura e tanto.
— Você em algum momento chegou a fazer escolhas erradas? — perguntei.  — Dizer as palavras erradas, fazer as coisas erradas?
Esperei por uma resposta, não recebendo nada além do zumbido do equipamento e a batida do monitor.
— Bem, você e o papai brigavam bastante, então você deve ter errado algumas vezes.
Segurei sua mão mais forte, tentando aquecê-la na minha.
— Fiz todos os pronunciamentos. Agora todos sabem sobre o Ahren ter se casado e que você está um pouco... indisposta no momento. Cortei os garotos para seis. Sei que é um corte grande, mas o papai disse que está tudo bem e que ele fez isso quando foi a vez dele, então ninguém pode ficar bravo. — Suspirei. — De qualquer modo, tenho a sensação de que as pessoas ainda vão encontrar um jeito de ficarem bravas comigo.
Pisquei para afastar as lágrimas, preocupara com a possibilidade de ela sentir como eu estava assustada. Os médicos acreditavam que o choque da partida de Ahren tinha sido o catalisador para sua condição atual, mas eu não conseguia deixar de me perguntar se tinha contribuído para o seu estresse diário, como gotas de veneno tão pequenas que ninguém percebe que ingeriu algo perigoso até que ela tenha tomado controle total.
— Em todo caso, vou para a minha primeira reunião do conselho assim que o papai voltar. Ele diz que não deve ser tão difícil assim. Sinceramente, sinto que o General Leger teve o trabalho mais difícil de todos hoje, tentando fazer o papai comer, porque ele lutou tanto para ficar aqui com você. Mas o general foi insistente, e o papai finalmente deu o braço a torcer. Estou feliz por ele estar aqui. O General Leger, digo. É meio que como ter um pai reserva.
— Segurei sua mão um pouco mais forte e me inclinei em sua direção, sussurrando.
— Mas por favor, não me faça precisar de uma mãe reserva, tudo bem? Ainda preciso de você. Os meninos ainda precisam de você. E o papai... ele parece que vai se desmanchar em pedaços se você for embora. Então quando for hora de acordar, você tem que voltar, tudo bem?
Esperei sua boca se contrair ou seus dedos se moverem, qualquer coisa que provasse que ela pudesse me ouvir. Nada.
Logo em seguida meu pai atravessou a porta com o General Leger em seu encalço. Afastei as lágrimas com as mãos, esperando que ninguém as notasse.
— Veja — disse o General Leger. — Ela está estável. Os médicos viriam correndo se algo mudasse.
— Mesmo assim, prefiro ficar aqui — meu pai disse com firmeza.
— Pai, não faz nem dez minutos que você saiu. Você chegou a comer?
— Eu comi. Diga a ela, Aspen.
O General Leger suspirou.
— Vamos chamar de refeição.
Meu pai lançou a ele um olhar que poderia ter ameaçado alguns, mas que apenas fez o general sorrir. — Vou ver se posso colocar alguma comida para dentro para que você não tenha que sair daqui.
Meu pai assentiu.
— Cuide da minha garota.
— É claro. O General Leger piscou para mim e eu me levantei e o segui para fora do quarto, olhando de volta para minha mãe só para checar.
Ainda dormindo.
No corredor, ele me ofereceu o braço.
— Está pronta, minha não-exatamente rainha?
Aceitei e sorri.
— Não. Vamos lá.
Enquanto caminhamos até a sala de reuniões, quase perguntei ao General Leger se ele me levaria para outra volta pelo andar. O dia já parecia tão sobrecarregado que não tinha certeza se conseguiria fazer isso.
Besteira, disse a mim mesma. Você já participou dessas reuniões dezenas de vezes. Você quase sempre pensa as mesmas coisas que seu pai diz. Sim, esta é a sua primeira vez liderando-a, mas esse sempre foi o seu destino. E ninguém será severo com você hoje, pelo amor de Deus; sua mãe acabou de ter um ataque cardíaco.
Empurrei as portas para abri-las, o General Leger logo atrás de mim. Fiz questão de acenar com a cabeça para os cavalheiros enquanto passava. Sir Andrews, Sir Coddly, sr. Rasmus, e um punhado de outros homens que conhecia há anos sentados organizadamente com suas canetas e papeis. Lady Brice parecia orgulhosa ao me ver andar até o lugar do meu pai, assim como o general quando se colocou ao lado dela.
— Bom dia. — Asumi meu lugar na ponta da mesa, olhando fixamente para a fina pasta diante de mim. Graças a Deus a agenda parecia leve hoje.
 — Como está sua mãe? — Lady Brice perguntou solenemente.
Eu deveria ter escrito a resposta em um letreiro para que não precisasse mais repeti-la.
— Ainda está dormindo. Ainda não tenho certeza de quão séria é a condição dela no momento, mas meu pai está ao lado dela e faremos questão de atualizar todos se houver qualquer mudança.
Lady Bricerice sorriu, triste.
— Tenho certeza de que ela vai ficar bem. Ela sempre foi bem durona.
Tentei esconder minha surpresa, mas não tinha percebido que a Lady Brice conhecia minha mãe tão bem. De fato, não sabia muito sobre a própria Lady Brice, mas seu tom de voz foi sincero, e estava feliz em tê-la ao meu lado no momento.
Assenti.
— Vamos passar por isso para que eu possa dizer a ela que meu primeiro dia no trabalho foi pelo menos levemente produtivo.
Houve algumas risadas leves provocadas pelo meu comentário, mas meu sorriso se esvaiu rapidamente quando li a primeira página que me foi apresentada.
— Espero que isso seja uma piada — disse, seca.
— Não, Alteza.
Voltei meus olhos para o Sir Coddly.
— Temos a impressão de que essa foi uma ação deliberada para debilitar Illéa, e visto que nem o rei ou a rainha deram seu consentimento, a França essencialmente roubou seu irmão. Esse casamento é foi uma traição, então não nos resta nenhuma opção a não ser declarar guerra.
— Senhor, posso te garantir, isso não é uma traição. Camille é uma garota sensata. — Revirei meus olhos, tendo que admitir isso. — Ahren que é o romântico deles, e tenho certeza de que ela foi coagida a isso, não o contrário.
Ignorei a declaração de guerra, sem o menor desejo de considerá-la em outro momento.
— Princesa, a senhorita não pode fazer isso — insistiu Sir Andrew. — As relações entre Illéa e a França tem sido tensa por anos.
— Isso está mais em um nível pessoal do que político — ofereceu Lady Brice.
Sir Coddly ergueu a mão no ar.
— O que torna tudo muito pior. A rainha Daphne está causando mais sofrimento emocional para a Família Real sob a pretensão de que não revidaremos. Desta vez nós devemos. Diga a ela, general!
Lady Brice balançou a cabeça em frustração enquanto o General Leger falava.
— Tudo o que posso dizer, Alteza, é que podemos ter tropas no céu e na terra dentro de vinte e quatro horas se a senhorita der a ordem. Porém, eu certamente não a aconselharia a dar essa ordem.
Andrews bufou.
— Leger, diga a ela os perigos que ela está enfrentando.
Ele deu de ombros.
— Não vejo perigo. O irmão dela se casou.
— No mínimo — questionei — um casamento não deveria aproximar ainda mais os dois países? Não é por isso que princesas eram entregues em casamento por anos?
— Mas esses eram planejados! — Coddly expôs em um tom que implicava que eu era um pouco ingênua demais para a conversa em questão.
— Assim como esse — me opus. — Nós sabíamos que Ahren e Camille se casariam algum dia. Isso simplesmente só aconteceu antes do que o esperado.
— Ela não entende — ele murmurou para Andrews.
Sir Andrews balançou a cabeça na minha direção.
— Alteza, isto é traição.
— Senhor, isso é amor.
Coddly bateu o punho na mesa.
— Ninguém levará a senhorita a sério caso não aja decisivamente.
Houve um momento de silêncio após sua voz parar de ecoar pela sala, e a mesa inteira manteve-se imóvel.
— Está certo — respondi calmamente. — O senhor está demitido.
Coddly riu, olhando para os outros cavalheiros na mesa.
— A senhorita não pode me demitir, Alteza.
Inclinei a cabeça, olhando-o fixamente.
— Garanto ao senhor, eu posso.  Não há ninguém aqui que seja superior a mim no momento, e o senhor é facilmente substituível.
Apesar de tentar parecer discreta, vi Lady Brice colocar pressionar os lábios, claramente determinada a não rir. Sim, com certeza eu tinha uma aliada nela.
 — A senhorita precisa lutar! — ele insistiu.
— Não — respondi com firmeza. — Uma guerra acrescentaria uma tensão desnecessária a um momento já estressante e causaria uma perturbação entre nós e um país que agora estamos unidos por um casamento. Nós não vamos lutar.
Coddly baixou o queixo e me olhou furtivamente.
— Não acha que está sendo muito emotiva em relação a isso?
Coloquei-me de pé, minha cadeira se arrastando atrás de mim ao me mover.
— Vou assumir que o senhor não está implicando por essa afirmação que eu na verdade estou sendo mulherzinha demais em relação a isso. Porque sim, estou emotiva.
— Andei até o lado oposto da mesa, meus olhos fixos em Coddly.
— Minha mãe está em uma cama com tubos em sua garganta, meu irmão gêmeo está agora em outro continente e meu pai está se mantendo inteiro por um fio.
— Parando diante dele, continuei.
— Tenho dois irmãos mais novos para acalmar assim que sair daqui, um país para administrar e seis garotos no andar de baixo esperando para que eu ofereça minha mão a um deles. — Coddly engoliu em seco, e senti uma pequena culpa pela satisfação que ela me trouxe. — Então, sim, estou sendo emotiva agora. Qualquer pessoa em minha posição e com uma alma, estaria. E você, senhor, é um idiota. Como ousa tentar me forçar a algo tão grande com base em algo tão pequeno? Para todo os efeitos e propósitos, eu sou a rainha, e o senhor não vai me coagir a nada.

E aí, selecionados/as, o que acharam? Deixem seus comentários aí embaixo!
E não se desesperem, dia 03 de maio está chegando! Enquanto isso, confiram o vídeo feito pela Carol sobre o que ela espera deste novo livro!

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