Título original: The War of the Worlds
Editora : Suma de Letras
Gênero : Literatura Inglesa / Ficção científica
Lançamento : Maio de 2016
Número de Páginas : 296
ISBN : 9788556510099
foto de arquivo pessoal
Olá leitores! Nessa semana especial, semana da Bienal internacional do livro, que está acontecendo em São Paulo, trago para vocês a resenha de um dos grandes clássicos da literatura: A Guerra dos Mundos. Lançado pela primeira vez em 1898 pelo inglês H.G. Wells, a Suma de Letras lança essa edição de colecionador, em capa dura, com ilustrações originais de 1906 do brasileiro Henrique Alvim Corrêa. Temos também um prefácio escrito por Braulio Tavares, introdução de Brian Aldiss e uma entrevista do autor cedida ao famoso cineasta norte americano Orson Welles. O prefácio nos mostra uma "mini biografia" do autor, muito interessante; a introdução é uma minuciosa avaliação da obra, nos mostrando a importância do livro para a época em que foi escrito. A entrevista é um divertido bate-papo entre o autor e o cineasta responsável por fazer o livro ser conhecido nos EUA. O livro é narrado em primeira pessoa por um personagem que não revela sua identidade, mas sendo um acadêmico especializado em Filosofia, possui um extenso conhecimento, até mesmo de outras aéreas. Ele nos relata toda sua vivência durante uma invasão de extraterrestres vindos de Marte. Apesar do título, tudo se passa em território inglês, quando num dia comum, acredita-se que um "meteoro" caiu na Terra. Logo vários curiosos acham o lugar da queda, inclusive nosso protagonista, e ficam a observar aquele objeto estranho, que se descobre ser de metal. A surpresa fica por conta dos seres que saem desse objeto; criaturas jamais vistas, que possuem um poder bélico destruidor: um raio que simplesmente pulveriza as pessoas que atinge. foto de arquivo pessoal
"... através do abismo do espaço, mentes que em, relação à nossa são como a nossa em relação às dos animais que perecem, intelectos vastos, frios e inexoravelmente, traçavam planos contra nós. E, no início do século XX, veio a grande desilusão." Pág. 46
Logo a notícia se espalha, contudo os marcianos demonstram dificuldade em se locomover, e isso dá aos humanos a falsa sensação de segurança, que confiam no Exército para derrotar os invasores. Entretanto nosso protagonista, dotado de sua visão e avaliação acadêmica percebe que os invasores já devem ter um plano traçado para a conquista do nosso planeta. Ele se mantém por perto, intrigado por saber tudo o que pode sobre os marcianos. O Exército entra na batalha, e a inevitável guerra se inicia. Num primeiro momento a impressão é que os humanos estão levando a melhor, mas os marcianos se defendem bem, e constroem aquilo que seria decisivo na guerra: um mecanismo que os permitiu se locomover com incrível velocidade e facilidade.
foto de arquivo pessoal
" E a Coisa que então vi! Como descrevê - la? Um trípode monstruoso, mais alto que muitas casas, alçando - se sobre os jovens pinheiros e esmagando - os em seu percurso; uma máquina ambulante de metal reluzente, avançando a largas passadas pela urze; cordas articuladas de aço pendiam das laterais, e o barulho estridente de sua passagem misturava - se ao estrondo da tempestade." Pág. 112
Esse novo mecanismo dos marcianos foi o ponto derradeiro para a dominação. Não tardou até toda Grã-Bretanha ser tomada. A partir desse ponto o protagonista nos narra a vida humana sob o domínio marciano. E uma reviravolta parece ser impossível, porque durante vários dias, novos marcianos chegam em suas naves. E nessa parte que o protagonista foca em todos os seus sentimentos, e como sua mente procura freneticamente uma solução, enquanto ele enfrenta a dificuldade de manter as necessidades básicas de sobrevivência como alimentação e abrigo. E para total asco do protagonista ele descobre que os invasores se alimentam de nosso sangue! O final se revela inesperado, como visto no filme de Steven Spielberg. E por falar no filme, você já percebeu que eles têm foco diferente! Enquanto no filme o protagonista é um pai que busca proteger seus dois filhos, o livro nos mostra uma fuga solitária do protagonista, mesmo que ele tenha convivido por um tempo com um soldado e um padre.
foto de arquivo pessoal
O personagem principal é cativante, e é difícil não ser solidário a tudo que ele passa. As indagações feitas por ele, sua análise do ser humano utilizando o comportamento marciano, demonstrando que não somos tão diferentes apesar da fisionomia antagônica. O autor é muito sagaz na sua crítica da sociedade da época, nos mostrando que a crueldade dos marcianos em relação a nós é a mesma que muitas vezes praticamos com os animais! Ele nos alerta da necessidade de mudança e como somos seres muitas vezes intransigentes, negligentes e arrogantes! O livro é um clássico exatamente por isso, por o autor ter sido o primeiro a relatar uma invasão extraterrestre, com os seres invasores nos dominando, com uma tecnologia superior, e superior em todos os aspectos.
"... uma sensação de destronamento, a convicção de que já não era o mestre, mas um animal entre outros, sob a tirania dos marcianos. Daí em diante, como animais, nós espreitaríamos, fugiríamos, buscaríamos esconderijos. O terrível império humano caíra." Pág. 250
Não posso deixar de citar o encadernamento do livro. É simplesmente FANTÁSTICO!!! A editora fez uma verdadeira obra de arte! Capa dura, mas não uma capa dura qualquer: ela possui um tipo de textura muito gostosa de sentir. A arte da capa dispensa comentários, vocês podem ver por si só quão impactante ela é! As ilustrações tão realistas, que ajudam muito a nos ambientar na história. Foi o segundo clássico que li, fiquei muito satisfeito, e percebi que devo ler mais esses livros. A escrita do autor é tão verossímil que o cineasta norte americano citado anteriormente fez uma transmissão de rádio em 1930 introduzindo locais dos EUA, causando um verdadeiro pandemônio na população que acreditou estar sendo invadida de verdade! Em suma, esse livro é uma obra incrível sobre ficção cientifica, uma crítica lúcida à sociedade e um belo exemplar com uma visão de futuro que se revelou bem parecido com o que o autor previu! Você que gosta dos clássicos, de ficção cientifica, de livros que nos levam a ter profundas reflexões, A Guerra dos Mundos sem dúvida é para você! Espero que tenham gostado, até a próxima pessoal!
Oi, Gustavo!
ResponderExcluirAté que enfim saiu a aguardada resenha e a minha expectativa só aumentou!
Acho muito interessante que a edição não seja só bonita esteticamente, mas também contenha textos de apoio, gosto muito de textos de apoio.
Sobre essa questão de subverter a hierarquia do ser humano, para mostrar como seria se fôssemos dominados ao invés de dominar, me fez lembrar muito de O planeta dos macacos, que é uma sci-fi muito boa e que recomendo.
Enfim, só quero ler esse livro agora o quanto antes, bjs da Hel.
Olá Hel :)
ExcluirEsses textos de apoio foram determinantes para a ambientação, interpretação e reflexão da história! A edição é uma verdadeira obra de arte! Também lembrei da sua resenha de "O Planeta dos Macacos". Fico feliz que você tenho gostado... sua opinião é sempre muito bem-vinda! Beijos...