[Resenha] - Imperfeitos #1 - Cecelia Ahern

Sub - título : nossos defeitos nos fazem ser quem somos
Título original : Flawed
Editora : Novo Conceito
Gênero : Jovem Adulto / Distopia
Lançamento : 2016
Número de Páginas : 320
Tradução : Paulo Polzonoff Junior
ISBN : 9788581636535


Foto de arquivo pessoal
"Imperfeito : errado, defeituoso, maculado, danificado, distorcido, deteriorado, inadequado, deficiente, incompleto, inválido. (De uma pessoa) que apresenta falha de caráter."
É com essa frase que se inicia "Imperfeitos" de Cecelia Ahern. A autora é consagrada por escrever livros de romance principalmente, tendo alguns best - sellers desse gênero. Mas ela veio com tudo na sua estreia no gênero distópico. A protagonista é Celestine North, uma jovem de dezessete anos, que vive em uma sociedade futurista, que não está muito longe da nossa atual sociedade. A grande diferença é que a "perfeição" é o que rege tudo inerente aos cidadãos. Nesse mundo, no passado os erros cometidos pelos governantes levaram quase todos os países a uma crise nunca vista. Por isso foi criado um tribunal em que é julgado o caráter, as ações e até mesmo a aparência das pessoas. Todos aprendem desde criança que você dever ser "perfeito" em tudo. As pessoas que quebram as regras, são levados sob custódia, julgados e se condenados, são marcados como "imperfeitos". Os "imperfeitos" são segregados na sociedade, são vigiados e tem que seguir regras rígidas; algo muito semelhante ao "Apartheid" imposto a alguma décadas atrás na África do Sul. 
"Aprender com os próprios erros seria algo do passado. Todos sempre (sempre) olhariam para o futuro antes que fosse tarde demais, nada de equívocos." Pág. 55
Foto de arquivo pessoal
"No dia da sentença, o juiz decide se o acusado é ou não Imperfeito. Se sim, suas imperfeições são pronunciadas publicamente e sua pele é marcada com I em um dos cinco lugares possíveis. A localização do I depende da transgressão cometida. Para quem toma decisões ruins, é na têmpora. Para quem mente, na língua. Para quem trapaceia, na palma da mão direita."
Celestine é perfeita! Boa filha, boa aluna, boa namorada (seu namorado é Art Crevan, filho do principal juiz do Tribunal). Ela tem convívio direto com o juiz Crevan. Seu pai trabalha no canal de tv da cidade e sua mãe é modelo. Ela acredita piamente nesse sistema em que foi criada, mas algo que acontece a família do vizinho, que é bem próximo a ela, abala suas convicções. Questionar o Tribunal é perigoso, e ela mantém suas dúvidas para si mesma. Entretanto algo acontece na presença dela, e ela não consegue ser indiferente. Ajudar um "Imperfeito" é passível de acusação. Ela é levada sob custódia, e seu caso toma proporções nacionais, e até internacionais. A mídia cai em cima do caso como abutres, e logo as pessoas tomam partido e julgam a ação de Celestine. A pressão que ela sofre é absurda, e rapidamente ela percebe que está em uma situação perigosa. Todos querem de alguma forma usá - la em prol de causas pessoais. O mundo de Celestine vem abaixo, ela expõe no seu julgamento tudo o que pensa, e rapidamente passa a ser a "Imperfeita" mais famosa de todos. Os "imperfeitos" passam a vê - la como a garota que pode derrubar o sistema, e acabar com toda segregação. Será ela capaz?
"Agora ela segura minha mão com força, minha pele contra a dela. Meu ferimento contra sua pele perfeita. Isso deveria ser normal, mas me emociona profundamente.- Você é aquilo de que o movimento precisa. Celestine, mas lembre - se de que você não precisa deles. Não deixe que eles a usem." Pág. 248
Foto de arquivo pessoal
Confesso que é complicado expor minha opinião pessoal sobre um livro que gostei tanto. Desde Jogos Vorazes, Divergente (o primeiro livro) e Legend eu me sentia meio órfão de distopias. Mas "Imperfeitos" veio com tudo. Comecemos com a encadernação! Como de costume a Novo Conceito faz um exemplar primoroso em brochura. Destaque para a marca d'água na capa (vide primeira foto), que é o símbolo do I que é marcado com brasa na pele dos "imperfeitos". A diagramação é muito agradável, os capítulos são de tamanhos exatos, que nos prendem e não cansam. Cada início de capítulo tem o símbolo da braçadeira que os "imperfeitos" tem que usar. Os personagens são muito bem construídos e desenvolvidos. Cada qual tecendo uma teia de tramas, um verdadeiro campo minado. Todos os elementos que fazem de um livro uma ótima distopia estão presentes : um personagem sedento de poder, que é a representação do totalitarismo; a tecnologia avançada e uma mídia manipuladora; uma protagonista forte, decidida, que conta com o apoio de outros para ter coragem de ir contra o sistema, além de um personagem misterioso que desempenhou um papel importante, e que terá um papel primordial no segundo livro, ao que tudo indica. O final foi angustiante e reservou algo inesperado! O mundo distópico criado pela autora foi incrível e chocante. Amo as emoções que as distopias desencadeiam em nós leitores, em mim particularmente foram as mais variadas possíveis. Elas nos demonstram que, apesar de muitas coisas necessitarem de mudança em nossa sociedade, tais mudanças precisam ser muito bem avaliadas. A primeira vista uma sociedade "perfeita" é a solução ideal, mas nós seres humanos não somos. A metade final do livro traz uma carga exacerbada de revelações, revolta, perseguição e angustia. Ansioso pela continuação. Quando encerrei a leitura, me veio uma vontade grande de poder conhecer a autora, ter um tempo para conversar com ela, conhecer suas motivações e inspirações para uma distopia tão arrebatadora. Nem preciso dizer que recomendo não é?! "Imperfeitos" é perfeito!!!
"Vemos a Imperfeição como uma força, Celestine. Se você comete um erro, aprende com ele. Se nunca comete nenhum erro, jamais será uma pessoa sábia."   

4 comentários

  1. Já posso dizer que queroo muitoo ler esse livro! "Imperfeitos" me parece ser um livro surpreendente, cheio de muita emoção e descobertas. Amo esse tipo de livro que nos questionam e nos fazem refletir. Como sempre, meu bem, você me surpreende com as resenhas,consigo sentir entusiasmo e euforia vindo de você. Ps: Simplesmente amei as fotos do seu arquivo pessoal..esses ramalhetes de flores foi de uma delicadeza incrível. Bjos! <3

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    1. Oi Meu Bem! ;)
      Ah fico muito feliz lendo seu comentário. E muito feliz por você estar fazendo parte desse meu mundo literário! Você já me conhece tão bem, identificou tudo o que quis transmitir na resenha! Obrigado pelos elogios, e por observar os detalhes das fotos! :)
      Beijos, beijos <3

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  2. Oii, Gustavo! Sei exatamente como você se sente porque me sinto órfã de distopias da mesma forma :(
    Me deparei com esse livro ontem enquanto gastava meus últimos dinheirinhos em uns livros que estou querendo faz muito tempo... me interessei muito pela história, mas resolvi não arriscar, até porque agora ele está muito caro. Mas, depois dessa sua resenha fiquei animada para conferir, quero muito ler!
    Beijoss
    Vida em Marte

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    1. Olá Kathleen...
      A um bom tempo não lançavam uma distopia "daquelas"! Rsrsrsrs... mas "Imperfeitos" veio para ser esse lançamento! Entendo sua posição, mas quando tiver oportunidade não deixe de ler, é MUITO BOA! Pode confiar! ;)
      Beijos!

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