[Resenha] Trilogia Corte de Espinhos e Rosas - Sarah J. Maas
Esse ano eu participei de um grupo de leitura coletiva organizado pela Carol Mariotti e dessa vez, a saga escolhida foi “Corte de Espinhos e Rosas”, o primeiro livro da trilogia Best-Seller popularmente conhecida como Acotar (A Court of Thorns and Roses) escrita por Sarah J. Maas que também é autora da saga “Trono de Vidro”. A história continua com os livros: “Corte de Névoa e Fúria” e “Corte de Asas e Ruínas”, além de um spin-off chamado “Corte de Gelo e Estrelas” (esse eu ainda não li) que fará uma conexão com os futuros livros da autora. Portanto, nós fazíamos um debate sempre que chegávamos em 50% do livro e um debate final após concluí-lo. Começamos o primeiro em julho e o debate do último volume foi em dezembro. Então eu resolvi contar como foi minha experiência com essa saga que já possui milhares de fãs pelo mundo, mas antes vou explicar a sinopse do primeiro livro para quem ainda não conhece essa história.
A trilogia é
narrada pela protagonista Feyre Archeron, uma humana que se tornou uma
caçadora muito habilidosa para sustentar sua família, pois seu pai havia sido aleijado
e por isso não trabalhava há muitos anos, deixando uma de suas filhas assumir a
liderança da família. Feyre possui duas irmãs: a adorável caçula Elain e
a fria irmã mais velha Nestha. Certo dia, Feyre se deparou com um lobo
durante uma de suas caçadas e acertou uma flecha de freixo na fera, matando-a
no mesmo instante. Entretanto, aquele lobo não era uma criatura comum, mas ele
era um Feérico. Feéricos são seres (muito parecidos com Elfos) com
diversos tipos de poderes mágicos, entre eles, alguns possuem a capacidade de
se transformar em outras criaturas.
Após abater o
que ela acreditava ser apenas um lobo comum, Feyre é capturada por uma fera
bestial que a leva para o outro lado da Muralha (não, não é a muralha de Game
Of Thrones). De um lado, humanos vivendo desconfiados e com medo do
desconhecido, mas do outro, Feéricos com intenções e poderes que ainda são um
mistério para uma grande parte do mundo. Ao chegar em sua grande mansão, a
criatura revela ser Tamlin, o Grão-Senhor da Corte Primaveril
com uma aparência feérica e uma máscara que esconde parte do seu rosto. No
entanto, essa máscara não é o único segredo que ele guarda em suas terras e
Feyre fica disposta a encontrar respostas até que uma paixão avassaladora
começa a surgir entre a humana e o Grão-Senhor fazendo com que a caçadora tenha
que tomar uma importante decisão.
Não se sinta mal nem por um segundo por fazer o que a faz feliz.
Sendo bem
honesto com vocês, o primeiro livro foi o que eu menos gostei da trilogia, pois
a Feyre é teimosa demais. Eu entendo que a história seguiu graças a essa
teimosia, mas como leitor, teve algumas vezes em que isso me incomodava muito,
pois a personagem tomava algumas atitudes que não faziam o menor sentido para
mim. Outro ponto que eu não gostei logo de cara (e nem nos livros seguintes)
foi o Tamlin, pois ele parecia ser um personagem extremamente clichê como
aqueles príncipes encantados de contos de fadas, mas nos livros seguintes você
percebe que não é bem assim e ele acaba te surpreendendo. Inclusive, você deve
ter notado que essa história tem muitas semelhanças com um determinado conto de
fadas, mas isso foi proposital e é muito bacana quando o leitor assimila tudo
isso em alguns pontos do livro, pois ao decorrer da saga, a autora foi deixando
várias referências e pistas que me fizeram lembrar de outras histórias. Apesar
desse livro ser o mais “parado” da trilogia, ele tem pontos extremamente bons
como as descrições das paisagens que a autora faz e o fato de que a Sarah
consegue puxar a atenção do leitor com mistérios e questionamentos em situações
que você não espera.
Portanto, acho
que se não fosse o grupo de leitura coletiva, eu provavelmente não teria
continuado essa trilogia, pois eu acho que esse livro é muito grande para o
tamanho da história que ele quer contar (espero que isso tenha feito sentido),
mas a história não é ruim e para quem gosta dessa mistura de fantasia, romance
e mistério esse livro vai ser excelente. Por outro lado, se eu achei que o
primeiro livro era um pouco lento, o segundo chegou com os dois pés na porta
para me mostrar o contrário, pois ele já começou me surpreendendo muito desde o
início e então o ritmo da história só acelerou e foi aí que a autora me conquistou
de vez. Os livros seguintes tratam de assuntos um pouco mais sérios, porém de
forma equilibrada entre cenas de humor e cenas com temas mais delicados que,
para mim, foi o grande trunfo da autora.
ATENÇÃO!!!
A PARTIR DE AGORA HAVERÁ SPOILERS
DOS 3 LIVROS DA SAGA
Como eu já
citei, eu não ia muito com a cara do Tamlin logo no início, mas ele consegue se
superar e se torna um dos personagens mais insuportáveis e tóxicos de toda a
trilogia (acho que ele só bate de frente com a Ianthe). Ele revela ser
extremamente possessivo e autoritário em relação a Feyre a ponto de quase
machucá-la e trancafiá-la dentro de sua casa. Felizmente, novos personagens
incríveis surgem e salvam a nossa protagonista e eles são a cereja do bolo de
toda a saga. Nós já havíamos conhecido Rhysand (ou Rhys, para os
íntimos) no primeiro livro e apesar dele ter ajudado a Feyre, eu ainda estava
meio em cima do muro sobre qual lado ele realmente estava até que eu conheci Velaris,
a cidade que pertence ao temido Grão-Senhor da Corte Noturna e ao seu
círculo íntimo de aliados: sua prima Morrigan, o espião Azriel, o
comandante Cassian e a estranha (e perigosa) Amren. Cada um deles
tem uma personalidade única, eles são super carismáticos e isso acaba rendendo
diálogos sensacionais entre eles.
Estou pensando que eu era uma pessoa solitária e sem esperanças, e talvez tivesse me apaixonado pela primeira coisa que me mostrou um pingo de bondade e segurança. (...) E talvez isso desse certo para quem eu era antes. Talvez não dê certo para quem... o que sou agora.
Dá para perceber que o segundo livro foca mais na construção das relações entre os novos personagens e a protagonista, pois ela havia passado por situações bem complicadas e tudo aquilo era completamente novo para ela. Apesar disso, mais uma vez eu senti que a autora soube equilibrar muito bem a seriedade e o humor entre um capítulo e outro, pois geralmente você está lendo um capítulo mais sério e focado na mitologia daquele mundo, mas no seguinte aparece os personagens saindo para se divertir e isso acabou deixando a leitura mais prazerosa para mim. Os últimos capítulos de “Corte de Névoa e Fúria” são impressionantes, pois eu não me sentia tão empolgado com o fim de um livro desde quando eu li “Harry Potter e o Cálice de Fogo”. No último capítulo, Feyre finge ter sido controlada por Rhys esse tempo todo e logo volta para a Corte Primaveril ao lado de Tamlin, porém tudo não passa de uma encenação para conseguir informações para a sua própria corte, pois ela havia se tornado a primeira Grã-Senhora da Corte Noturna em segredo (o trecho em que a autora explica isso é de arrepiar!) e logo em seguida vamos para o meu livro favorito da trilogia e, com certeza, um dos melhores livros que eu li esse ano.
Depois de um árduo caminho com inúmeros desafios, finalmente vemos a grande evolução de Feyre, pois eu confesso que até então ela não tinha me conquistado como protagonista. Felizmente, em “Corte de Asas e Ruína” vemos uma Feyre muito mais sagaz, estrategista e determinada a fazer o que for preciso para acabar com a guerra e proteger aqueles que ama. Esse livro definitivamente é o mais sério entre os 3, pois há um grande temor da guerra que se aproxima, mas ainda assim, não deixa de ter cenas divertidas. Momentos épicos são o que não faltam neste livro, pois há diversas batalhas e diálogos incríveis que me fizeram pular de empolgação durante a leitura. Esse livro também é o mais dinâmico da trilogia, pois os acontecimentos importantes não aconteceram apenas no fim como geralmente acontece, mas o livro inteiro é recheado de subtramas que são muito interessantes e que enriquecem a mitologia do universo criado pela Sarah.
Apesar de
todos os pontos que eu não gostei e que me incomodaram, a leitura valeu muito a
pena, pois me tirou um pouco da minha recente zona de conforto e tenho certeza de
que foi ainda mais divertido ler e debater sobre os livros com o grupo de
Leitura Coletiva, pois diversos participantes destacaram certos detalhes da
história que eu nem havia percebido. De forma geral, pude entender o porquê que
essa saga é tão amada e é possível que no futuro eu leia outros livros da
autora, pois a forma de escrita dela é muito prazerosa e acabou me
conquistando. Portanto, se você (assim como eu) leu o primeiro livro e não gostou
tanto assim, recomendo que você dê uma segunda chance e insista um pouco mais,
pois vai valer a pena.
Nós iremos ocasionalmente nos lembrar de que o que pensamos ser a nossa maior fraqueza, pode ser a nossa maior força. E que a pessoa mais improvável, pode alterar o curso da história.
Logo abaixo
você encontra as resenhas de Acotar que a Carol publicou no canal Leitura
Virtual.
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