A trilogia é narrada pela protagonista Feyre Archeron, uma humana que se tornou uma caçadora muito habilidosa para sustentar sua família, pois seu pai havia sido aleijado e por isso não trabalhava há muitos anos, deixando uma de suas filhas assumir a liderança da família. Feyre possui duas irmãs: a adorável caçula Elain e a fria irmã mais velha Nestha. Certo dia, Feyre se deparou com um lobo durante uma de suas caçadas e acertou uma flecha de freixo na fera, matando-a no mesmo instante. Entretanto, aquele lobo não era uma criatura comum, mas ele era um Feérico. Feéricos são seres (muito parecidos com Elfos) com diversos tipos de poderes mágicos, entre eles, alguns possuem a capacidade de se transformar em outras criaturas.
Após abater o que ela acreditava ser apenas um lobo comum, Feyre é capturada por uma fera bestial que a leva para o outro lado da Muralha (não, não é a muralha de Game Of Thrones). De um lado, humanos vivendo desconfiados e com medo do desconhecido, mas do outro, Feéricos com intenções e poderes que ainda são um mistério para uma grande parte do mundo. Ao chegar em sua grande mansão, a criatura revela ser Tamlin, o Grão-Senhor da Corte Primaveril com uma aparência feérica e uma máscara que esconde parte do seu rosto. No entanto, essa máscara não é o único segredo que ele guarda em suas terras e Feyre fica disposta a encontrar respostas até que uma paixão avassaladora começa a surgir entre a humana e o Grão-Senhor fazendo com que a caçadora tenha que tomar uma importante decisão.
Não se sinta mal nem por um segundo por fazer o que a faz feliz.
Sendo bem honesto com vocês, o primeiro livro foi o que eu menos gostei da trilogia, pois a Feyre é teimosa demais. Eu entendo que a história seguiu graças a essa teimosia, mas como leitor, teve algumas vezes em que isso me incomodava muito, pois a personagem tomava algumas atitudes que não faziam o menor sentido para mim. Outro ponto que eu não gostei logo de cara (e nem nos livros seguintes) foi o Tamlin, pois ele parecia ser um personagem extremamente clichê como aqueles príncipes encantados de contos de fadas, mas nos livros seguintes você percebe que não é bem assim e ele acaba te surpreendendo. Inclusive, você deve ter notado que essa história tem muitas semelhanças com um determinado conto de fadas, mas isso foi proposital e é muito bacana quando o leitor assimila tudo isso em alguns pontos do livro, pois ao decorrer da saga, a autora foi deixando várias referências e pistas que me fizeram lembrar de outras histórias. Apesar desse livro ser o mais “parado” da trilogia, ele tem pontos extremamente bons como as descrições das paisagens que a autora faz e o fato de que a Sarah consegue puxar a atenção do leitor com mistérios e questionamentos em situações que você não espera.
Portanto, acho que se não fosse o grupo de leitura coletiva, eu provavelmente não teria continuado essa trilogia, pois eu acho que esse livro é muito grande para o tamanho da história que ele quer contar (espero que isso tenha feito sentido), mas a história não é ruim e para quem gosta dessa mistura de fantasia, romance e mistério esse livro vai ser excelente. Por outro lado, se eu achei que o primeiro livro era um pouco lento, o segundo chegou com os dois pés na porta para me mostrar o contrário, pois ele já começou me surpreendendo muito desde o início e então o ritmo da história só acelerou e foi aí que a autora me conquistou de vez. Os livros seguintes tratam de assuntos um pouco mais sérios, porém de forma equilibrada entre cenas de humor e cenas com temas mais delicados que, para mim, foi o grande trunfo da autora.
ATENÇÃO!!!
A PARTIR DE AGORA HAVERÁ SPOILERS
DOS 3 LIVROS DA SAGA
Como eu já citei, eu não ia muito com a cara do Tamlin logo no início, mas ele consegue se superar e se torna um dos personagens mais insuportáveis e tóxicos de toda a trilogia (acho que ele só bate de frente com a Ianthe). Ele revela ser extremamente possessivo e autoritário em relação a Feyre a ponto de quase machucá-la e trancafiá-la dentro de sua casa. Felizmente, novos personagens incríveis surgem e salvam a nossa protagonista e eles são a cereja do bolo de toda a saga. Nós já havíamos conhecido Rhysand (ou Rhys, para os íntimos) no primeiro livro e apesar dele ter ajudado a Feyre, eu ainda estava meio em cima do muro sobre qual lado ele realmente estava até que eu conheci Velaris, a cidade que pertence ao temido Grão-Senhor da Corte Noturna e ao seu círculo íntimo de aliados: sua prima Morrigan, o espião Azriel, o comandante Cassian e a estranha (e perigosa) Amren. Cada um deles tem uma personalidade única, eles são super carismáticos e isso acaba rendendo diálogos sensacionais entre eles.
Estou pensando que eu era uma pessoa solitária e sem esperanças, e talvez tivesse me apaixonado pela primeira coisa que me mostrou um pingo de bondade e segurança. (...) E talvez isso desse certo para quem eu era antes. Talvez não dê certo para quem... o que sou agora.
Dá para perceber que o segundo livro foca mais na construção das relações entre os novos personagens e a protagonista, pois ela havia passado por situações bem complicadas e tudo aquilo era completamente novo para ela. Apesar disso, mais uma vez eu senti que a autora soube equilibrar muito bem a seriedade e o humor entre um capítulo e outro, pois geralmente você está lendo um capítulo mais sério e focado na mitologia daquele mundo, mas no seguinte aparece os personagens saindo para se divertir e isso acabou deixando a leitura mais prazerosa para mim. Os últimos capítulos de “Corte de Névoa e Fúria” são impressionantes, pois eu não me sentia tão empolgado com o fim de um livro desde quando eu li “Harry Potter e o Cálice de Fogo”. No último capítulo, Feyre finge ter sido controlada por Rhys esse tempo todo e logo volta para a Corte Primaveril ao lado de Tamlin, porém tudo não passa de uma encenação para conseguir informações para a sua própria corte, pois ela havia se tornado a primeira Grã-Senhora da Corte Noturna em segredo (o trecho em que a autora explica isso é de arrepiar!) e logo em seguida vamos para o meu livro favorito da trilogia e, com certeza, um dos melhores livros que eu li esse ano.
Depois de um árduo caminho com inúmeros desafios, finalmente vemos a grande evolução de Feyre, pois eu confesso que até então ela não tinha me conquistado como protagonista. Felizmente, em “Corte de Asas e Ruína” vemos uma Feyre muito mais sagaz, estrategista e determinada a fazer o que for preciso para acabar com a guerra e proteger aqueles que ama. Esse livro definitivamente é o mais sério entre os 3, pois há um grande temor da guerra que se aproxima, mas ainda assim, não deixa de ter cenas divertidas. Momentos épicos são o que não faltam neste livro, pois há diversas batalhas e diálogos incríveis que me fizeram pular de empolgação durante a leitura. Esse livro também é o mais dinâmico da trilogia, pois os acontecimentos importantes não aconteceram apenas no fim como geralmente acontece, mas o livro inteiro é recheado de subtramas que são muito interessantes e que enriquecem a mitologia do universo criado pela Sarah.
Eu gostei bastante do desfecho da história, pois realmente me surpreendeu em diversos momentos, mas confesso que senti falta de alguma morte impactante (fãs de Acotar, não me odeiem!). Eu queria ter sentido algum tipo de perda para mostrar as consequências da guerra na história, porém me falaram que o spin-off “Corte de Gelo e Estrelas” aborda essas consequências que a guerra trouxe, então pode ser que a minha opinião mude depois de ler esse livro. Também vale considerar que a Sarah J. Mass irá publicar uma nova trilogia ambientada no universo de Acotar que será focada na Nestha (personagem que divide a opinião de boa parte do público). Por conta disso, a autora não poderia simplesmente sair matando personagens sem pensar em como continuar a história.
Apesar de todos os pontos que eu não gostei e que me incomodaram, a leitura valeu muito a pena, pois me tirou um pouco da minha recente zona de conforto e tenho certeza de que foi ainda mais divertido ler e debater sobre os livros com o grupo de Leitura Coletiva, pois diversos participantes destacaram certos detalhes da história que eu nem havia percebido. De forma geral, pude entender o porquê que essa saga é tão amada e é possível que no futuro eu leia outros livros da autora, pois a forma de escrita dela é muito prazerosa e acabou me conquistando. Portanto, se você (assim como eu) leu o primeiro livro e não gostou tanto assim, recomendo que você dê uma segunda chance e insista um pouco mais, pois vai valer a pena.
Nós iremos ocasionalmente nos lembrar de que o que pensamos ser a nossa maior fraqueza, pode ser a nossa maior força. E que a pessoa mais improvável, pode alterar o curso da história.
Logo abaixo você encontra as resenhas de Acotar que a Carol publicou no canal Leitura Virtual.
Título Original: A Court Of Thorns And Roses
Tradutor: Mariana Kohnert
Lançamento: 09-10-2015
Páginas: 434
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